Segundo dados da CVM, investidores se queixam de ofertas irregulares e mau funcionamento das plataformas
O aquecimento do mercado financeiro nos últimos tempos, incentivado por juros baixos e pelo bom momento que a Bolsa vinha vivendo (na semana passada, fechou em queda), ampliou o número de investidores no País e o apetite por novos produtos – mas também o número de reclamações contra as instituições financeiras.
Segundo dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em 2017 foram protocoladas mais de 81 mil reclamações, seja por internet, telefone e presencialmente – um aumento de 9% em relação a 2016. Entre as principais queixas estão ofertas irregulares e problemas com corretoras que, segundo especialistas, não estavam preparadas para a alta na demanda.
De acordo com o boletim de atendimento ao público da CVM, o “xerife” do mercado de capitais, os números indicam uma “clara retomada da demanda por orientação” financeira. Esse movimento, segundo a instituição, foi iniciado em 2016, depois de uma redução expressiva em 2014 e 2015. “O investidor está atento e tem buscado cada vez mais informado”, afirma José Alexandre Vasco, superintendente de proteção e orientação aos investidores da CVM.
Entre as queixas que efetivamente viraram processos administrativos, a maior parte (21,4%) são contra ofertas irregulares. “É o exercício não autorizado e também as chamadas ‘pirâmides financeiras”, explica Vasco.
O segundo maior item entre as reclamações é na intermediação de valores mobiliários (18,1%), ou seja, queixa sobre a atuação de corretoras, distribuidoras e agentes autônomos. Segundo a CVM, as reclamações mais frequentes são sobre mau funcionamento das plataformas de negociação (home broker) e alegação de operações não autorizadas. “A demanda de massa cresceu muito, então temos recebido muitas informações sobre falhas nos sistemas e plataformas, além de falta de transparência”, diz Vasco.
Bernardo Pascowitch, fundador do buscador de investimentos Yubb, observa que, com a queda da Selic houve uma corrida para produtos mais arriscados, embora isso nem sempre fique claro. “Muitas instituições pecam em não informar sobre os riscos existentes, principalmente em caso de produtos que não contam com a cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).”